Nesta seção, apresento brevemente um guia de conteúdo da tese.
Caminhos digitais
Esta tese também pode ser ser acessada de forma digital através do site:
<< https://tese.clarissareche.com >>
Nesses caminhos digitais, você pode ter uma experiência de leitura não linear, conduzida pelos seus próprios interesses através de uma estrutura de hiperlinks similar a uma wiki. Também pode visualizar uma outra relação entre as partes e seções a partir de um grafo de relações entre as páginas, além de poder encontrar proximidades entre elas através das tags atribuídas. Esse modo de aproximação com a tese é um exercício experimental aberto e em andamento, e responde a um problema contingente e emergente em toda e qualquer pesquisa científica atualmente, a saber, como se situar em um ambiente digital. Essa experimentação é um produto da minha utilização do software Obsidian, modo como a pesquisa em si foi organizada e sistematizada. A visualização digital é também estruturada a partir desse software, sendo uma publicação online da estrutura criada com ele.
Espero que a leitura neste formato seja um convite à invenção criativa por parte de quem lê. Por isso, fique à vontade para navegar, nem que seja para passar um tempinho olhando a tese de outro jeito e se perdendo pelos seus caminhos digitais.
Pontos de parada
A tese está dividida em cinco partes, sendo elas:
PARTE 1 _ materiais:
Esta primeira parte da tese é dedicada à construção de um terreno não tão gelatinoso, ainda que escorregadio, por onde seguiremos caminhando. Apresento contextualizações e aprofundamentos teóricos sobre os diversos materiais utilizados, sendo composta pelas seguintes seções: 1) Menstruação e antropologia, contando com um levantamento do estado da arte da menstruação como tema de pesquisa nas ciências humanas no Brasil; 2) Corpos em campo, com discussões a respeito do trabalho de campo como forma de produção de conhecimento; 3) Experiências e trajetos menstruais, buscando descrever brevemente o que de fato observei ao elencar ambos como materiais.
PARTE 2 _ caixa de ferramentas:
Essa segunda parte é dedicada à apresentação de uma caixa de ferramentas metodológicas. Essa caixa foi desenvolvida ao longo de toda pesquisa, de forma não linear e contingencial, e sistematizada e consolidada para a composição da tese. Com essa caixa, consegui manejar o material que eu tinha à minha disposição e operacionalizar as transformações necessárias para realizar os experimentos. Essa parte é composta por duas seções:
A primeira é dedicada a um aprofundamento teórico sobre experimentação metodológica e metodologias experimentais. A partir de críticas feministas da ciência e tecnologia, discuto as relações entre práticas científicas e produção de futuro, presente e passado. Também discuto as consequências das posições políticas feministas e zapatistas quando aplicadas nos modos de fazer ciência.
Na segunda seção, apresento a caixa de ferramentas em si, que foi organizada a partir de três problemas metodológicos, para os quais foram necessárias três ações: a primeira de evocação, a segunda de coleta e a terceira de imaginação. Para que cada ação acontecesse, elaborei uma estratégia metodológica – des.enfeitiçar, tecer cestas e compor figurações. Cada estratégia abriga uma ou mais ferramentas que foram utilizadas em sua aplicação: fazer trabalho com sangue menstrual; tramas vulneráveis e tramas rabugentas; álbum de figurinhas da parentada.
PARTE 3 _ experimentos:
Nessa terceira parte da tese apresento os cinco experimentos que realizei durante a pesquisa: experimento.01_[as antropólogas e suas menstruações] – dois exercícios complementares de aproximação com um conjunto de relatos coletados junto a antropólogas: o primeiro, um “mapa manchado” e, o segundo, uma “trilha de sangue”; experimento.02_manchas – visualizações gráficas do sangue menstrual produzidas a partir do envolvimento com a consciência e o controle dos músculos vaginais; experimento.03_[miçangas] – as propriedades de coagulação e cristalização do sangue menstrual foram tensionadas na construção de pequenos objetos, em uma aproximação material com teorias ameríndias; experimento.04_caleidoscópio – foi projetado um dispositivo digital de captura não ofensiva da atenção e apresentado à comunidade científica; e experimento.05_[estas são nossas palabras sencillas de sangue fresco que incorporam nossas profecias esperançosas de passado, futuro e presente] – um conto de ficção científica foi composto a partir dos experimentos anteriores.
PARTE 4 _ resultados:
Nesta quarta parte, apresento alguns resultados dos experimentos realizados. Esta parte está dividida em três seções. Nessas três seções, busco retomar as questões e hipóteses que acompanharam a pesquisa e colocar em contraste com o que pude produzir. Na primeira, “Relatos de encontros dentro da armadilha de sangue”, conto sobre duas experiências de apresentação pública do caleidoscópio, ambas ocorridas dentro de eventos acadêmicos de STS/CTS. Na segunda, “Recuperando os sentidos: menstruação como experiência erótica”, parto dos experimentos realizados para apresentar argumentos que destacam o caráter estético/erótico e sensual/sensorial da menstruação. Na terceira parte, “Montando armadilhas: por uma ciência insurgente e alegre”, aprofundo a proposta de utilização de ferramentas como modo de estar e permanecer produzindo conhecimento científico.
ARREMATE _ caminhar perguntando:
Nesta última parte, faço algumas considerações finais sobre os processos de pesquisa e escrita da tese e sobre algumas respostas possíveis para as hipóteses trabalhadas.
Boa leitura!